depressão, quarentena e as mazelas mentais
Querido Diário,
Rio de Janeiro,08 de Junho de 2020,
Rio de Janeiro,
São 22:23 e eu nem sabia disso.
Não vi o tempo passar, estranhamente.
Hoje foi um dia completamente diferente. Bom, a realidade é que os últimos têm sido estranhos para mim. Não tenho dormindo bem ou comido direito - desculpa mãe, perdi o apetite.
Raramente consigo sair de casa porque tenho medo. Tenho medo do que as pessoas pararam de ter medo. Medo do vírus - pegar uma segunda rodada não seria nada fácil para minha saúde mental -, medo do futuro político deste país e das mazelas que ainda vamos enfrentar.
Há duas noites que não durmo. Quase todos os dias tenho crise de ansiedade, principalmente na madrugada - já que não consigo dormir em um horário descente ou por muito tempo. Tenho tomado Rivotril como se fosse água - desculpa pelas quarenta gotas de hoje psis.
Acordei e saí direto da cama para o colo do meu marido. Não estava no meu melhor. Não tomei meu banho matinal, não escovei os dentes, não troquei o pijama e fiquei deitada por horas, olhando para o teto.
Finalmente um remédio me acordou e fiquei mais ativa. Mexi com minha criatividade para presentear, revisitei pastas com lembranças antigas e chorei, até varri a casa - e me ferrei por causa da minha cervical, uma dor infernal - e fiz outras coisas e arrumações que precisavam serem feitas. Liguei para minha mãe e foi divertido contar as bizarrices do meu fim de semana para ela.
Mas aí eu caí.
Caí onde não ia há tempos.
Me deprimi.
Chorei de cansaço,
Tristeza
E solidão.
Hoje, para mim, não foi nada bom não estar tudo bem.
Fiquei deprimida pela primeira vez em meses.
Confesso que, mesmo com meus problemas psicológicos, ando até bem nessa quarentena. Não vejo meus amigos ou família, mas nos falamos sempre que possível.
Não sei vocês, mas não tenho conseguido ler ou escrever.
Parece que entalam as falas e que eu fico sufocada pelas palavras não ditas.
Admito que, neste momento, estou uma bagunça do começo, meio e fim, seja lá onde isso tudo começa.
Parecia que, hoje, quanto mais o tempo passava, mais a esperança ia se esvaindo de dentro de mim. Sinto falta das minhas caminhadas ao ar livre. Das boas noites de sono. Da normalidade de sair para comer e passear ao por-do-sol de Ipanema ou da Lagoa.
Não sei se este texto fez algum sentido, mas só precisava desabafar e colocar as dores para fora, os sentimentos crus que estão gritando dentro de mim. Quero também que você saiba que não está só, mas que, principalmente, amanhã é um novo dia e dia de recomeçar. Sim, recomeçar mesmo em uma terça, dia 09 de Junho.
Não vi o tempo passar, estranhamente.
Hoje foi um dia completamente diferente. Bom, a realidade é que os últimos têm sido estranhos para mim. Não tenho dormindo bem ou comido direito - desculpa mãe, perdi o apetite.
Raramente consigo sair de casa porque tenho medo. Tenho medo do que as pessoas pararam de ter medo. Medo do vírus - pegar uma segunda rodada não seria nada fácil para minha saúde mental -, medo do futuro político deste país e das mazelas que ainda vamos enfrentar.
Há duas noites que não durmo. Quase todos os dias tenho crise de ansiedade, principalmente na madrugada - já que não consigo dormir em um horário descente ou por muito tempo. Tenho tomado Rivotril como se fosse água - desculpa pelas quarenta gotas de hoje psis.
Acordei e saí direto da cama para o colo do meu marido. Não estava no meu melhor. Não tomei meu banho matinal, não escovei os dentes, não troquei o pijama e fiquei deitada por horas, olhando para o teto.
Finalmente um remédio me acordou e fiquei mais ativa. Mexi com minha criatividade para presentear, revisitei pastas com lembranças antigas e chorei, até varri a casa - e me ferrei por causa da minha cervical, uma dor infernal - e fiz outras coisas e arrumações que precisavam serem feitas. Liguei para minha mãe e foi divertido contar as bizarrices do meu fim de semana para ela.
Mas aí eu caí.
Caí onde não ia há tempos.
Me deprimi.
Chorei de cansaço,
Tristeza
E solidão.
Hoje, para mim, não foi nada bom não estar tudo bem.
Fiquei deprimida pela primeira vez em meses.
Confesso que, mesmo com meus problemas psicológicos, ando até bem nessa quarentena. Não vejo meus amigos ou família, mas nos falamos sempre que possível.
Não sei vocês, mas não tenho conseguido ler ou escrever.
Parece que entalam as falas e que eu fico sufocada pelas palavras não ditas.
Admito que, neste momento, estou uma bagunça do começo, meio e fim, seja lá onde isso tudo começa.
Parecia que, hoje, quanto mais o tempo passava, mais a esperança ia se esvaindo de dentro de mim. Sinto falta das minhas caminhadas ao ar livre. Das boas noites de sono. Da normalidade de sair para comer e passear ao por-do-sol de Ipanema ou da Lagoa.
Não sei se este texto fez algum sentido, mas só precisava desabafar e colocar as dores para fora, os sentimentos crus que estão gritando dentro de mim. Quero também que você saiba que não está só, mas que, principalmente, amanhã é um novo dia e dia de recomeçar. Sim, recomeçar mesmo em uma terça, dia 09 de Junho.
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