Ganhei um anel!
Sim, ganhei um anel e você pode estar se perguntando o motivo disso virar um texto, e eu te explico.
Não é um anel, propriamente dito, é uma aliança, a aliança que a minha avó usou por mais de 50 anos de casamento, com as iniciais do meu avô, que fazia aniversário no mesmo dia que eu - e vice-versa. Foi o melhor presente que eu pude receber, a melhor lembrança que eu posso guardar e me lembrar sempre deles.
A minha avó teve depressão por décadas e havia algumas atitudes dela que eu não entendia, atitudes que acabaram passando para mim, para que eu a compreendesse. Para que eu entendesse o desespero que é ter depressão maior e o que isso causa em mim. Claro que, sendo detectada e tratada mais jovem, não só com remédio, mas com psicoterapia, traz um outro cenário para minha narrativa.
Foi vivendo em crises que eu notei o quão forte a minha avó foi, para suportar tudo e por tanto tempo. É um presente, hoje, ter a noção disso. Quando eu era mais nova, eu simplesmente não entendia a depressão, assim como muitos não entendem a minha. Mas eu me perdoei por isso. Espero que ela também tenha me perdoado.
Aaaaah, meu avô....
Eu nasci ali, no mesmo dia do seu aniversário, contrariando os médicos, que eu nasceria dias antes, que a gestação não duraria até o aniversário do meu avô. Mas a minha mãe teimou e disse que eu ia esperar sim. E eu esperei. O dia 24 de fev sempre foi de orgulho, porque eu amava o fato de fazer aniversário com o meu avô (ganhamos até uma festa juntos!!!). Hoje há uma nostalgia gigante em relação a esta data.
Meu avô teve alzheimer muito precocemente e, um dia, ele não lembrou de mim. Foi como uma faca que bateu no meu peito (reviver isso dói tanto, que as lágrimas já abriram caminhos dentro de mim) e eu saí quintal afora, para que ninguém me visse chorando. Mesmo quintal que eu corri para chorar quando o vi deitado em sua cama, já sem vida, mas com uma aparência de calmaria, já que ele pedia tanto para que morresse, pois estava sofrendo muito. Ele descansou, mas eu ainda sou apegada demais para aceitar essa perda, de quase cinco anos, sem chorar.
Não há um valor no mercado para uma aliança tão fininha, mas aqui dentro, nenhum dinheiro do mundo compraria essa lembrança, esse melhor presente que eu já recebi e que pretendo guardar e usar até o fim, até não servir mais, para me lembrar de como eles foram tão fortes com suas dificuldades e que eu também serei com as minhas.
Não é um anel, propriamente dito, é uma aliança, a aliança que a minha avó usou por mais de 50 anos de casamento, com as iniciais do meu avô, que fazia aniversário no mesmo dia que eu - e vice-versa. Foi o melhor presente que eu pude receber, a melhor lembrança que eu posso guardar e me lembrar sempre deles.
A minha avó teve depressão por décadas e havia algumas atitudes dela que eu não entendia, atitudes que acabaram passando para mim, para que eu a compreendesse. Para que eu entendesse o desespero que é ter depressão maior e o que isso causa em mim. Claro que, sendo detectada e tratada mais jovem, não só com remédio, mas com psicoterapia, traz um outro cenário para minha narrativa.
Foi vivendo em crises que eu notei o quão forte a minha avó foi, para suportar tudo e por tanto tempo. É um presente, hoje, ter a noção disso. Quando eu era mais nova, eu simplesmente não entendia a depressão, assim como muitos não entendem a minha. Mas eu me perdoei por isso. Espero que ela também tenha me perdoado.
Aaaaah, meu avô....
Eu nasci ali, no mesmo dia do seu aniversário, contrariando os médicos, que eu nasceria dias antes, que a gestação não duraria até o aniversário do meu avô. Mas a minha mãe teimou e disse que eu ia esperar sim. E eu esperei. O dia 24 de fev sempre foi de orgulho, porque eu amava o fato de fazer aniversário com o meu avô (ganhamos até uma festa juntos!!!). Hoje há uma nostalgia gigante em relação a esta data.
Meu avô teve alzheimer muito precocemente e, um dia, ele não lembrou de mim. Foi como uma faca que bateu no meu peito (reviver isso dói tanto, que as lágrimas já abriram caminhos dentro de mim) e eu saí quintal afora, para que ninguém me visse chorando. Mesmo quintal que eu corri para chorar quando o vi deitado em sua cama, já sem vida, mas com uma aparência de calmaria, já que ele pedia tanto para que morresse, pois estava sofrendo muito. Ele descansou, mas eu ainda sou apegada demais para aceitar essa perda, de quase cinco anos, sem chorar.
Não há um valor no mercado para uma aliança tão fininha, mas aqui dentro, nenhum dinheiro do mundo compraria essa lembrança, esse melhor presente que eu já recebi e que pretendo guardar e usar até o fim, até não servir mais, para me lembrar de como eles foram tão fortes com suas dificuldades e que eu também serei com as minhas.
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