Tempestades que eu não sei se são loucuras da minha mente
Ou se em um futuro próximo, elas realmente virão.

Todas as noites me sinto sufocada pelo eu que já fui,
Minha mente me aprisiona a momentos em que eu fico me perguntando:
Quando tudo mudou?
Qual a chave que girou, para que minha mente viva tão nublada e submersa?

Várias vezes já me peguei pensando
"Será que eu poderia ter evitado tudo isso?
Será que há minha culpa, em algum momento?"
Mas eu era tão nova, sabe?

Era nova demais para lidar com tantos abusos,
Com tantas palavras frias,
Que sempre vinham acompanhadas de uma faca afiada,
Só para me cortar.

E foi cortando todos esses pedaços dentro de mim,
Que eu me afoguei.
Me afoguei em tudo o que você jogou em mim,
De todas as maneiras que você me julgou.

Eu era uma criança quando comecei a lidar com tanta coisa,
Talvez por isso as pessoas falem
"Nossa, como você é madura!"
Mas é porque, desde cedo, eu tive que aprender a sobreviver no meio do caos que você fazia minha vida, pai.

Era uma criança, então uma adolescente e daí uma jovem adulta,
Sempre jogando tudo para debaixo do tapete,
Segurando o choro,
Porque isso era fraqueza aos seus olhos e nunca te comoveu.

A sua filha adoeceu e chorou,
E você dizia que era manha,
Me mandava fazer tudo, quando eu mal aguentava respirar,
Mas sua filha precisou de cirurgia, e isso nem tocou a sua consciência.
Eu nunca fui fraca, pai, NUNCA,
Mas você sempre me fez sentir pequena,
Amendontrada,
Mesmo à distancia, mesmo aos 25 anos, mesmo como uma sombra.

Você é o caos,
Enquanto eu tento lidar com a minha vida.
As lembranças de você me fazem tão mal, que me dão crises de ansiedade até no trabalho.
Você me torturou, me sufocou.

Você é tempestade,
Enquanto eu tento manter minha cabeça acima da água,
Em busca de breves lufadas de ar,
Mas eu não sei nadar.

Não sei por quanto tempo vou me debater,
Por quanto tempo vou lutar por mim.
É uma luta diária lutar,
Ou deixar ir.

Você me deixou danificada assim.