A gente transou


A gente transou.
É isso.
Só sexo, nada mais, talvez até menos.
Me levanto da cama, tirando o peso dos braços dele da minha barriga.
É claro que ele já dormiu.
Visto uma camisa qualquer e vou para a cozinha, atrás de uma taça de vinho.
Pensando melhor, pego logo a garrafa, porque o resto da noite vai ser longa.
Com o meu celular na mão, olho sua foto.
A TV está ligada em canal qualquer, mas tudo o que eu consigo pensar é em como eu pensei em você, e em como eu quis que fosse você que estivesse ali na minha cama, e não ele.
Você não faz o tipo transa-dorme.
Você observa meu corpo,
Quase como um endeusamento.
Certamente me sentia uma deusa quando estava nua ao seu lado.
Lembro de você sentando na cama, pegando um cigarro fora do padrão e fumando, enquanto suas mãos percorriam meu corpo, ainda suado, do sexo recém acabado. E eu sabia que você só estava esperando para que eu me recuperasse, para que voltássemos a nos emaranhar novamente. Aquele cigarro era como um calmante. Era um charme nas suas mãos. Logo eu, que nunca gostei de nada disso, amava sorver a fumaça que você soltava em meio a um beijo, de um jeito tão sexy, que eu não seria capaz de descrever direito. Não faria jus a sua sensualidade. E claro que a garrafa de Bud estava no chão, ao seu lado. Mas eu nem me importava.
Sei que somos diferentes, que você é todas as coisas que eu abomino, por isso precisei partir quando tudo ficou mais sério. Sinto muito mais do que palavras poderiam dizer, mas eu sinto. Não gostaria de ver a repetição de uma história que já deu errado milhões de vezes. Você foi meu sexo mais gostoso, meu abraço mais verdadeiro e é em você que eu penso toda vez que estou com qualquer outro. Mas você precisa concordar que não tínhamos futuro juntos.
Ou talvez pudéssemos ter, se algum de nós tivesse disposição para mudar,
O que, certamente, não temos.
Somos dois cabeças-duras, batendo pedra na parede de concreto.
Eu amei você,
Vou amar para sempre,
E talvez até morra sem saber se daríamos certo ou não.
Mas agora eu preciso de um lugar seguro para mim,
Sem entradas permanentes,
Só a minha solidão como companhia, com o único objetivo de me conhecer.
E talvez, só talvez, essa minha busca por auto-conhecimento me leve até você.
Mas não vou pedir que me espere. Seria muito egoísmo da minha parte. Vamos seguir a vida, pulando de cama em cama, de ser em ser, sem jamais sermos tão tocados e invadidos, como nos deixamos fazer um com o outro. Tenho certeza de que não repetiremos esse erro.
E baile que segue,
Até as pernas doerem e um de nós se canse e resolva descansar nos braços do outro.

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